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Hipertiroidismo na infância e na adolescência

Hipertiroidismo se refere à hiperfunção da glândula tireoide, ou seja a glândula está trabalhando em excesso. Já falamos sobre a Glândula Tireoide (Feedback.Agosto 2015) justamente quando ela trabalha pouco – o Hipotireoidismo.

A incidência anual do hipertireoidismo é bem menor que a do hipotireoidismo, estima-se em torno de 80/100.000 na menina e 8/100.000 no menino, havendo uma predisposição familiar.

            A causa mais comum de Hipertireoidismo é Doença de Graves (DG).A Doença de Graves é uma doença rara na infância e adolescência, no entanto, é a causa mais comum de tireotoxicose nessas idades (60-90%), ocorre em aproximadamente 0,02% das crianças, com maior prevalência de 11 a 15 anos; as meninas são mais afetadas que os meninos (5:1).  Bebês nascidos de mães com história de DG, podem apresentar Tireotoxicose neonatal transitória, necessitando tratamento.

            Os sinais e sintomas do Hipertireoidismo são: mudança de comportamento, irritabilidade, agressividade, desatenção, dificuldade na escrita, mau desempenho escolar – razão pela qual pode ser confundida com o Transtorno Deficit de Atenção e Hiperatividade, disfagia (dificuldade para engolir), perda de peso, (apesar de aumentar o apetite), aumento do número de evacuações, enurese noturna(urinar na cama), cansaço, insônia, nervosismo, olhar brilhante (Fig1), exoftalmia (incomum), pele quente e úmida, aumento da tireoide, aumento dos batimentos cardíacos, palpitações, e, ainda, caso se prolongue, pode haver alteração do crescimento e do desenvolvimento puberal. As adolescentes podem apresentar irregularidade menstrual e os rapazes ginecomastia.

Fig1 – Pessoa com Hipertireoidismo

A tireoide é um órgão localizado na base do pescoço e tem a forma de escudo ou borboleta, (Fig. 2) é uma glândula endócrina (libera seus produtos diretamente na corrente circulatória). Seus hormônios participam de vários processos essenciais, como função intestinal, cardio-vascular, função cerebral (crescimento e desenvolvimento do cérebro, rapidez de raciocínio, capacidade de concentração), função neuromuscular e muscular (estimula os reflexos e a contração muscular); produção de calor, entre outras.

Fig.2 -Localização Tireoide

Os 2 hormônios tireoidianos são: T4 (tetraiodotironina ou tiroxina) e o T3 (triiodotironina), e sua produção é regulada pelo eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireóide, sendo que o T4 é produzido é liberado em maior quantidade que o T3. O hipotálamo estimula a hipófise através do Hormônio  Estimulante da Tireoide – o TSH (Thyroid Stimulation Hormone) (Fig. 3) que é dosado no Teste de Triagem Neonatal, o Teste do pezinho,  e ainda quando o médico suspeita de alguma alteração da glândula. Após estimulada, a tireoide secreta seus 2 hormônios e os libera conforme a necessidade, sendo que  para sua produção é necessária a presença do Iodo, micronutriente existente na natureza, e que ingerimos através da água e dos alimentos (razão pela qual o sal de cozinha comum é “iodado”).

Fig 3 – Eixo Hipófise-Tireóide normal

As células da glândula são especializadas em sintetizar, armazenar e secretar os hormônios tireoidianos. Nem sempre alterações dos níveis hormonais da tireóide significam que esta não esteja funcionando bem, podem ocorrer alterações em seu transporte, ou outras causas, em várias situações, tanto aumentando quanto diminuindo, cabendo ser investigada pelo seu Endocrinologista. Por outro lado, alterações em outras  situações clínicas podem ter como causa alterações em algum ponto de todo o processo metabólico da tireoide.

            O diagnóstico é realizado pelo médico a partir dos dados clínicos e resultados dos exames solicitados que são: dosagens de TSH, T4Livre, T3 e  anticorpo TRAB.

            O tratamento pode se constituir em 3 abordagens (não excludentes): Fármacos antitireoidianos; 2) Radio-ablação com Iodo radioativo e 3) Cirurgia (retirada total da glândula tireoide).

Referências bibliográficas:

MONTE, O e CURY, AN. Tirotoxicose na infância e adolescência In Graf, H, Czepielewski, M e MEIRELLES, R. PRÓENDÓCRINO 5, VOL3. 2014 ARTMED ED.

LEVITSY,LL e SINHA, SK. Pediatric Graves Disease. Update, nov 07, 2016

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